Nas ruas, na mídia e em todos os lugares é possível ler e escutar, todos os dias, que a economia está em baixa e a pandemia do novo coronavírus piorou uma situação já complicada. Por outro lado, o setor agrícola em 2020 apresenta um panorama completamente diferente, mesmo com obstáculos impostos pela pandemia.

Como atividade essencial, o agronegócio representa parte relevante da economia brasileira. Mas esse não é o único fator que ajudou a manter o ramo em crescimento, e que corrobora as boas previsões para o fim de 2020 e início de 2021.

Quer entender melhor como está o mercado no Brasil como um todo e quais oportunidades você deve aproveitar para vender mais agora e à frente? Acompanhe-nos.

Primeiros meses de 2020

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor agrícola em 2020, especificamente no primeiro trimestre do ano — em comparação com o último de 2019, foi o único a registrar crescimento no Produto Interno Bruto (PIB). Apesar do início da pandemia do novo coronavírus na época, houve crescimento de 0,6% na comparação dos períodos.

Considerando um período de amostragem maior, de janeiro a abril deste ano, o aumento do PIB do setor foi de 3,78% em relação ao mesmo quadrimestre de 2019. São números da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ajudados pela alta na exportação agrícola em abril de 25% conforme o Ministério da Agricultura.

Seguindo o ritmo de alta, houve crescimento de 0,78% em maio, comparando com abril, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).

Perspectivas para o restante do ano

Vários órgãos públicos e de classe calculam resultados consolidados e projetados para o setor. E para os meses seguintes a maio de 2020, as previsões são as seguintes:

  • Fechamento do ano com elevação de 2,5% do PIB agropecuário, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea);
  • Aumento de 1,9% na safra de grãos 2019/2020 em seu fechamento na comparação com a safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab);
  • Estimativa da CNA de 7,2% de aumento no valor bruto de produção no setor agrícola em 2020 em relação a 2019.

Fatores de crescimento

Como se viu nos ramos de comércio e serviços, a pandemia do novo coronavírus e a alta disseminação da Covid-19 pelo Brasil se apresentaram como fatores fortes para o encolhimento de demandas e da economia. Porém, não ocorreu o mesmo com o setor agrícola. Aliás, o que se percebeu foi a atuação de outros fatores contribuindo para os bons números demonstrados anteriormente.

Um dos principais e mais claros, que nunca deixará de atuar, é a necessidade da atividade agrícola para o abastecimento de alimentos e bebidas, que são produtos essenciais.

Em relação ao PIB desse mercado, alavancado pelo aumento de faturamento dos produtores e agroindústrias, um fator relevante é o alto valor do dólar frente ao real, pois, como vimos, as exportações cresceram bastante nos primeiros meses do ano.

A alta do dólar, sendo que o câmbio não tende a reduzir de maneira relevante em curto ou médio prazo, também ajudou a agricultura voltada à produção de insumos. Isso porque indústrias nacionais, que importam bastante matéria-prima, compram mais itens do mercado interno pelo preço mais competitivo apresentado por eles em moeda nacional.

Esses fatores explicam os bons percentuais constatados no início do ano e simultaneamente as boas perspectivas para o setor agrícola em 2020. Não são pontos sazonais do cenário brasileiro e mesmo o que pode mudar, como o câmbio, claramente não sofrerá grandes alterações no futuro próximo. Adicionalmente a tais fatores, a CNA projeta ainda:

  • Demanda de milho em alta para produção de etanol e alimentação de animais de abate;
  • Maior produtividade para soja e trigo;
  • Alta nos preços de grãos e carne bovina.

Mudanças e impactos causados pela pandemia

Apesar do cenário animador e visto como uma ilha de resultados positivos em meio a um oceano de uma economia em baixa e com várias empresas fechando, a pandemia não deixou de causar alguns efeitos no agronegócio.

Grande impacto foi sentido nas logísticas de exportação e distribuição para o mercado interno. Em ambos os casos a pandemia exigiu cuidados em relação a higienização de pessoas e itens e EPIs adicionais, além da redução de tamanho de equipes em mesmo ambiente. Consequentemente, essas exigências resultaram em aumento de custos em diversos sentidos, incluindo para a produção em si.

A gestão insuficiente da pandemia pelas autoridades brasileiras também impactou o setor, já que afetou a imagem internacional do país e reduziu a confiança estrangeira no Brasil, o que é essencial para fazer negócios. Logo, as exportações poderiam ter resultados melhores, especialmente se tratando do ramo agropecuário.

Como era de se esperar, pela impossibilidade de realizar feiras e outros eventos voltados ao setor para evitar aglomerações, os produtores e as agroindústrias perderam as maiores oportunidades que normalmente sempre aproveitaram para rever fornecedores e fazerem novos negócios. Isso demandou a busca de alternativas, como leilões e exposições online e contar com empresas especializadas em químicos, fertilizantes e máquinas que têm infraestrutura para recebê-los ou, ainda melhor, visitá-los e expor suas soluções.

Em vista desse cenário geral que colocamos, é seguro dizer que o setor agrícola em 2020 tende a apresentar os melhores resultados entre os mais diversos ramos. E pode ser o único a ter realmente crescimento relevante.

Então, produtores e indústrias da área devem aproveitar esse aquecimento permanente para aumentarem suas estruturas e capacidades produtivas, aproveitando a demanda atual e a do futuro próximo, que promete ser ainda maior.

Para isso, vale manter relacionamento próximo com fornecedores de insumos e materiais e adquirir maquinário que permita elevar a produtividade mantendo alto padrão de qualidade.

E você, o que está fazendo para aproveitar as oportunidades e a realidade desse mercado? Deixe sua opinião ou suas percepções nos comentários abaixo.