Falta de matéria-prima paralisa a produção e impede a indústria de atender a clientes e consumidores finais. Logo, evitar o desabastecimento de insumos é uma das principais preocupações de gestores industriais, pois é algo que afeta muito a competitividade do negócio quando ocorre.

Essa falta pode ocorrer por diversos fatores, tanto internos quanto externos e que fogem ao controle da empresa. Ainda assim, a companhia pode se organizar para ter o máximo controle possível sobre tais fatores e não perder sua capacidade de competir por conta de rupturas.

Leia a seguir medidas que ajudam a evitar esse transtorno, por quais motivos ele pode ocorrer e quais são os possíveis prejuízos.

Evitando o desabastecimento de insumos

Fechamento de contratos comerciais

Se a sua indústria tem um contrato de fornecimento com outra empresa, ela deverá entregar o volume documentado no prazo acordado por mais que o cenário econômico seja o ideal para ela dedicar toda a sua produção à exportação. O documento protege o negócio do desabastecimento e garante que ele conseguirá atender à demanda dos clientes.

Adicionalmente, o contrato comercial pode ainda assegurar à indústria preços melhores para suas aquisições e previsibilidade da chegada de insumos, o que ajuda na organização da linha de produção e das suas entregas. 

Antes da assinatura, é preciso atentar a questões como volumes encomendados, prazos de entrega e indenização por não recebimento e quebra de contrato, pontos cruciais para que a oficialização do acordo atinja os objetivos que a organização tem.

Redução das perdas internas

Essas perdas podem ocorrer por furtos internos, obsolência, extravio, maquinário desatualizado e excesso de compras. Portanto, o estoque de materiais e insumos precisa ser muito bem controlado, com inventário e sistema de gestão, e o cronograma de produção deve ser bem planejado e de acordo com a demanda.

Na hipótese de as perdas ocorrerem por conta do maquinário que manipula os insumos, uma revisão da linha precisa ocorrer. A solução para isso pode estar na integração de equipamentos que não se ligam diretamente na linha de produção, no retrofit de máquinas ou na adoção de novas tecnologias.

O pior tipo de falta de matéria-prima é o resultante das perdas, pois gera os problemas que citaremos adiante depois de a empresa já ter investido na aquisição dela, aumentando o prejuízo.

Principais causas do desabastecimento de insumos

Com o dólar muito valorizado em relação ao real, realidade que já persiste há pelo menos quatro anos, cada vez mais empresas direcionam grande parte da produção para o mercado externo. E isso se intensifica com a cotação do dólar acima dos R$ 5, como na data de publicação deste texto.

A consequência disso é uma oferta interna de insumos que não atende à necessidade de todo o mercado industrial brasileiro. Logo, muitos players do ramo podem se deparar com momentos de parada em seus processos produtivos por falta de itens fundamentais.

Como alternativa à compra dentro do Brasil, as indústrias podem buscar a importação de matéria-prima, apesar da atual cotação do dólar, para não terem as atividades paralisadas – e prejuízo ainda maior. Porém, mesmo havendo boa oferta de fora do país, pode haver problemas de logística ou demora por conta da pandemia do novo coronavírus, que impôs uma série de restrições para a locomoção de pessoas e trabalhos presenciais.

Além de tudo isso, há problemas relacionados à pandemia na própria escala nacional que dificultam a compra e/ou a chegada de insumos e materiais. Alguns que foram percebidos em diversos estados foram surtos internos entre funcionários em empresas com setores de produção e dificuldade para os transportadores traçarem rotas por conta de fechamentos temporários de serviços de hospedagem e alimentação.

Problemas causados pelo desabastecimento de insumos

O pior problema que o desabastecimento pode causar é a ruptura de estoque, e não somente pelas vendas que o negócio deixa de fazer enquanto não distribui para seus canais de venda. Junto à perda de faturamento vem a abertura de espaço para concorrentes que podem acabar fidelizando consumidores ou clientes que precisaram optar por ele naquele momento.

Por exemplo, considerando o ramo industrial alimentício, uma rede de supermercados ou distribuidora não pode reduzir sua oferta porque determinada empresa não consegue no momento entregar produtos (ou um volume maior deles). Então, esse canal de venda, supermercado ou distribuidor, precisará completar seu estoque com um novo fornecedor ou mais produtos de alguma outra indústria já fornecedora. E o mesmo vale para o consumidor final, que precisa abastecer sua cozinha ainda que haja menos opções disponíveis para compra.

Por consequência, a insatisfação de clientes e consumidores finais pode vir como problema adicional aos já citados. Isso também abre brechas para que ambos procurem outras marcas e sejam conquistados por elas. Internamente, um grande transtorno é a ociosidade de funcionários, máquinas e outros componentes da estrutura de produção. São recursos que precisam ser rentáveis, mas que geram despesas não cobertas quando a linha paralisa. Isso porque um funcionário que não produz tudo o que poderia por não haver matéria prima suficiente continua recebendo o mesmo salário, mas gera menos retorno.

Já uma máquina, que exigiu investimento para compra e requer manutenção periódica, quando está parada deprecia e ainda precisa ser mantida. Ou seja, não gera faturamento, mas segue na estrutura de custos.

Os últimos anos, em especial o atual, estão apresentando uma série de desafios às industriais. E alguns deles podem efetivamente colocar em risco players que não se planejam considerando eles e os possíveis danos. Logo, é importante ter estratégias para que menos fatores fujam do controle do negócio.